Paródia do fim do mundo

      Um senhor de muito bom gosto, tenho que admitir, começou a se arrumar. Afinal de contas era o fim do mundo. Tomou um banho demorado, colocou uma roupa confortável, um perfume muito cheiroso que comprou em uma dessas lojas caras.

- Nossa amor! Que perfume bom! É novo?

- É sim. Esse perfume é para uma data muito especial.

- E que data seria essa? Hoje não é nada pra mim.

- Fim do mundo, amor. Fim do mundo.

Conhecendo o marido, deixou que a brincadeira se estendesse. Afinal de contas, muitos “fins do mundo” haviam passado e essa era mais uma besteira de gente-sem-nada-pra-fazer.

O senhor resolveu sentar na sala e tentar se lembrar de coisas difíceis, para descontrair a ansiedade gostosa que sentia.

- Os sete anões... Mestre, Feliz, Dengoso, Zangado, Atchim, Dunga...... AAAAAAAAAAA Sempre esqueço de um. Os 7 pecados capitais: Ira, Gula, Luxúria, Preguiça, Avareza, Orgulho... Nossa... não vou lembrar do último também?

- Amor... Soneca e Vaidade.

- Obrigado!

Sabendo que o espetáculo estava para começar, sentou-se. O fim do mundo havia chegado. Os fogos estouravam lá fora, anunciando que a hora era chegada. Ligou a TV para ver o que se passava.

E pela primeira vez em toda sua vida, Roberto Carlos não ia cantar no Ano Novo.

O fim do mundo estava próximo...