terça-feira, 2 de setembro de 2014

Pensamentos...

Ontem eu fui ao cinema com Sergio e Rafael. Fomos assistir o filme No olho do furacão.

Quando no onibus pra irmos embora, começamos a conversar sobre um sonho que Rafael teve com Sérgio, vendo ele morrendo no sonho.Rafael disse que a pessoa do sonho era a mãe do presidente da quadrilha que ele dança. Ela havia morrido e o filho tentou ficar forte até que, quando baixaram ela no buraco e começaram a jogar areia (ou terra) em cima do caixão, ele chorou copiosamente.

Então começou a discussão de se o enterro no chão não era hostil, pois ver a pessoa querida ser enterrada era algo muito triste. Eu dizendo que era natural, afinal de contas a terra precisa dessa carne novamente. Nada de "Do pó veio, ao pó voltarás.", mas como somos seres orgânicos, nada mais justo do que enterrar. Mas essa era minha ideia. Nunca tive um parente próximo (sentimentalmente falando) falecido, então não tenho a experiência de presenciar a morte de pessoas queridas...

Então começamos a falar de outras coisas...
Um crackudo apareceu, enquanto eles me esperavam para irmos ao cinema, pedindo dinheiro. Obviamente nenhum dos dois deu o dinheiro. Um colega do Rafael, que passava por ali, comprimentou-o, foi na venda de salada de frutas, comprou uma e ofereceu ao magrelo usuário de crack. Este recusou várias vezes e disse que queria dinheiro. Mas o colega de Rafael disse que dinheiro não dava e comeu a salada. Uma tristeza, eles disseram.

Sérgio começa dizendo que "se Deus fosse bom, não deixava pessoas boas morrerem" e que "tem um monte de crackudo que fica peranbulando por aí, sofrendo e fazendo as outras pessoas sofrerem, que poderiam morrer de uma vez. São um bando de zumbis e não tem mais ideia do que estão fazendo."

Eu então disse que não era assim, que apesar de estarem desta forma, são humanos e devem ser tratados ou até mesmo receber cuidados, que são nossos irmãos, que infelizmente entraram nessa desgraça e que não é o Estado que tem que resolver alguma coisa, afinal de contas o Estado não resolve nada. Somos nós que temos que mudar para impedir que essas coisas aconteçam, etc. Aquela coisa vaga de sempre sem solução óbvia.

Foi quando Sérgio e eu começamos a divergir em nossas opiniões. Quando isso acontece, eu me silencio e digo a ele: "Já discutimos sobre isso e acabamos brigando. Você tem a sua opinião, eu tenho a minha. Respeito a sua opinião. Não concordo com você, mas como não conseguimos conversar educadamente sobre isso, troquemos de assunto"

Foi nesse momento que algo diferente aconteceu. Olhei para fora do onibus e vi a noite com suas luzes artificiais. Pessoas andando, obviamente, indo a algum lugar. Então veio.

"Por que me preocupar com tanta coisa? Há 25 anos eu não estava aqui e daqui a pouco não estarei também. O mundo vai continuar e eu irei embora."

Ao mesmo tempo que fiquei triste, sorri. Nada nesse planeta importa tanto. Apenas o fato de eu estar vivo é uma comemoração a fazer. Esse corpo é uma mistura de céu e terra e agradeço a todo o pedaço de terra e céu que existe em mim. Sorrir mais e me preocupar menos. Agir mais e pensar um pouco menos. Trabalhar naquilo que gosto sem pensar em dinheiro. Estar mais com meus amigos e amor. Sonhar com um futuro feito por minhas mãos...

Victor Alves Baptista

2 comentários:

  1. Gostei muito de tudo o que você escreveu. Eu passei pelo falecimento da minha avó com muita dor e sofrimento, foi sim horroroso ver ela sendo enfiada num buraco, mas depois que o luto passou, eu coloquei a cabeça no lugar e aprendi a lidar com isso. Cada um recebe a morte como consegue, e agora eu tenho outra visão sobre ela...
    Agora, mudando de assunto, até um tempo atrás eu estava numa fase meio conturbada. Chateada por não estar trabalhando, por procurar serviço e não ser chamada pra nada e por algumas pessoas próximas/queridas terem criado um julgamento errado sobre a minha relação com o Renato. Mas depois de parar pra refletir, cheguei num pensamento parecido com o seu: pra quê me importar com coisas tão triviais? Um dia tudo isso vai acabar, então eu tenho que aproveitar a minha vida do jeito que eu quero, agradecer todos os dias pela vida feliz que eu tenho, e não me importar com o que pensam ao meu respeito ou da minha vida!! O mundo ta aí do jeito que sempre foi, cabe a nós passar nossos dias como queremos, pra quando eles acabarem, podermos partir com a certeza de que vivemos bem!! Você sabe que eu era muito arredia, né?! Minha vida era só minha e pronto, mas eu evoluí e aprendi muita coisa com o passar do tempo, sobre a vida, sobre a morte, sobre amor e tudo mais... e nisso eu vi, que meu temperamento e atitudes não ia me levar a lugar nenhum!! Toda aquela rebeldia e anarquismo era meio que uma casca pra me "proteger do mundo"... Hoje eu estou muito mais desprendida sobre certas coisas, vivo cada dia uma felicidade intensa, tento sempre tirar o melhor de tudo, até mesmo das coisas ruins e assim estou melhor!! ;) Somos seres divinos e nossa divindade é única, que aproveitemos ela da melhor forma possível!!

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  2. Excelente texto!! Não tenho nem o que falar, vc já disse tudo!! Parabéns pelo texto.

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